O roteirista José Valcir e o desenhista Eusebio Muñoz reencontram-se em shopping próximo da tarde desse sábado, 10/08/24, para analisar o processo criativo da HQ que estão fazendo em parceria. A seguir mais detalhe sobre o assunto.
Escrever sempre é um grande desafio para qualquer um que enverede por esse caminho. Pensar numa história, no enredo, nas características físicas e psicológicas do personagem (ou dos personagens). Descrevendo detalhes de cenas e cenários. Uma é escrever um livro. A outra é um roteiro para os quadrinhos. Para ambos, é preciso imaginar cada coisa e decodificar em palavras de tão maneira que, tanto o leitor quanto o desenhista, possa compreendê-lo, satisfatoriamente.
(Páginas de estudo de personagens e quadrinhos)
Entre um intervalo e outro, e sempre tendo o hábito de chegar mais cedo ao trabalho, o tempo disponível até a abertura da loja, eu utilizava para desenvolver o roteiro dessa história. Pensando personagens, situações e falas. Assim como adquiri o hábito de estudar mentalmente o roteiro enquanto viajava de ônibus até o serviço. Era meu hábito matinal porque o retorno para casa era feito para repouso após um dia de uma labuta.
Tenho sempre à disposição caneta e uma agenda ou bloco, a fim de escrever caso surja alguma ideia no momento de inércia - às vezes, a mente trabalha mais em repouso. Foi dessa maneira que escrevi outros roteiros mais atuais após anos sem escrever. Para essa nova fase de um homem maduro - já tenho 56 anos e sou avô -, percebi que precisava me reciclar. Que analisar apenas quadrinhos dos outros, a fim de entender como cada um escreveu e quais meios buscaram para solucionar os problemas das histórias que li ou lia, já não bastava. Então decidi adquirir alguns livros de roteiros, que me fizeram compreender o que já sabia, contudo, não sabia como aplicar.
Então decidi adquirir alguns livros sobre roteiros de quadrinhos (Ei! Não nego que busquei outros roteiristas para desenvolver meus roteiros. Reciclar faz bem). Recentemente, eu estou lendo um livro transcrito (ou manuscrito) pelo desenhista Eusebio Muñoz do Scott McCloud: Desenhando Quadrinhos. É para desenhista, eu sei. Mas se eu entender a técnica do desenhista, vai facilitar a vida deste ao conseguir compreender como escrever bem ele, de forma clara, o que quero.
Adquiri três livros da Marca de Fantasia: A Palavra em Ação, de Marcelo Marat, e Como Escrever Quadrinhos e O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos, ambos de Gian Danton. Pretendo comprar um outro livro sobre roteiro, mas, por enquanto, me manterei com esses. Faço tudo isso por você, leitor. Eu quero que goste do que escrevo, que se divirta, tenha uma imersão, mesmo que seja por algumas páginas de quadrinhos, mas que lhe dê o prazer da leitura.
(Outras páginas de estudo da HQ em questão)
O desenhista Eusebio Muñoz é um artista muito dedicado. Seu processo criativo é muito bonito de ser olhar. Ele foge aos padrões que encontra-se no mercado da HQB. O traço dele possui identidade. A escola de é oriundo são de diversos autores que admira, e que foge ao traço estético que os super seres e mangás impõe. Sem comparar, mas quem via um quadrinho desenhado pelo Flávio Colin, já sabia que era ele somente pelo traço, pela técnica própria. Seu desenho era sua assinatura. Assim como é o de Watson Portela e Jean 'Moebius' Giraud.
Tive a oportunidade de conhecer o Eusebio quando ainda éramos muito jovens. Ele veio à residência dos Marins, ao lado do criador e roteirista do Agente 000 Amaro Camarajipe, com um material inédito intitulado "Bang, Bat!". Uma sátira ao morcegão e que lhe abriu as portas na PADA Publicações de imediato. Mas não só do agente vivia o Eusebio. Este nos apresentou a mega FC Operação Vascalos, publicada numa edição especial única pela qualidade do roteiro, desenho e volume de páginas cuja oportunidade descreveu qual foi o processo criativo da mesma. Depois apresentou a minissérie Piadas Morgadas sobre dramas, pessoas, tão tocante e quase poética, mas trágica. Nesse reboliço, extasiado pela veia criativa, na época, escrevi um roteiro totalmente voltado para ele chamado Uma História, republicada na Prismarte: Mundo Perfeito, edição 67, disponível na loja. Logo, em seguida, tornou-se um artista requisitado, desenhando a HQ Vindita, escrita por Milson Marins.
Mas não foi apenas o estilo de escrever e desenhar que encantou a todos, também os estudos bem elaborados das histórias que desenharia. Composições de cenas, luz e sombra, formação dos personagens. Tudo ali, a vista, tratado com carinho e exposto a olhos vistos. E numa irretocável paciência e atenção para com todos. Este é o quadrinhista que muito respeito e admiro Eusebio Muñoz, que, sem dúvida alguma, vai atrair muitos leitores para seu estilo de retratar a vida, as pessoas e o meio onde vivemos.
Leitores de quadrinhos, acreditem, vocês vão gostar do lerão e verão nessa próxima a HQ. E vai querer mais outras sobre outros temas que a PADA Publicações irá trazer, acreditem. E é um prazer imenso poder realizar essas coisas porque amamos o que fazemos, mesmo diante das adversidades da HQB, nós não desistimos nunca.
Obrigado.
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