Tchê 45, o espírito da fanedição continua

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Antes de começar a fazer a resenha do fanzine Tchê, nº 45, editado por Denílson Rosa dos Reis, um gaúcho, fui impelido a pesquisar sobre a obra e o autor. Ora, há muito tempo que alguns faneditores aposentaram os seus fanzines, ou reduziram o ritmo da produção.

O fanzine Q.I., do mineiro Edgard Guimarães, traz em seu conteúdo endereços de diversos fanzines, mostrando que a chama pelos quadrinhos não morreu, que o espírito jovial continua vivo dentro de cada editor de outrora.

O Denílson Rosa dos Reis é uma dessas pessoas. Nascido a 16 de julho de 1968 é fanzineiro, quadrinhista e professor de História.

“Criou, em 1987, o fanzine Tchê (que publica artistas de quadrinhos profissionais e amadores) e foi editor, ao lado de Alex Doeppre e Gervásio Santana de Freitas, da revista em quadrinhos independente Quadrante Sul, que circulou em 1988 e 1989. Também é editor dos fanzines Arquivo e O Muro e autor da série de quadrinhos Peryc, o Mercenário, personagem inspirado em Conan que vive aventuras de espada e feitiçaria em um mundo pós-apocaliptico. Foi colunista do site Impulso HQ, publicando matérias e resenhas. Em 2020, a editora Criativo lançou o álbum Zinebook Tchê: Volume 1, com uma seleção de HQs escritas por Denilson e publicadas originalmente no fanzine Tchê com desenhos de autores como Júlio Shimamoto, Mozart Couto, Daniel HDR, Laudo Ferreira, entre outros.”
(Fonte: Wikipédia) 

Há três anos, foi realizado um documentário intitulado Fanzine Tchê: 30 Anos de Resistência, onde reúne antigos fanzineiros Daniel HDR, Henry Jaepelt, Laudo Ferreira Jr., Aline e o próprio Denílson, falam sobre o surgimento da fanedição, a importância do saudoso Joacy James, o modo de produção e o intercâmbio surgido para escoar a produção e formar amizades, combustível mais que imprescindível para existência desse modo de publicação.

Busque por esse documentário no YouTube, e não vai se arrepender. Na recente edição 71 da Prismarte, foi publicado um artigo sobre os fanzines, desde sua origem até o momento presente.
Enfim, o fanzine Tchê, nº 45: numa bela diagramação e com a inserção tecnológica na forma de produção, não abandonou as características básicas que era o contato por correspondência entre os editores independentes.

Na Prismarte 68, foi publicada uma HQ curta de FC/terror roteirizada por ele.


Na capa, Tam-Tor, escrito e desenhado por Law Tissot, num traço que remota o underground, trata da revolução robótica, liderada pelo cruel Tam-Tor, que leva o título dessa história. Impondo sua liderança através da violência e contrariando o Governo Central, numa guerra onde desconhece quem será o vencedor. Pelo visto será uma série muito interessante a ser acompanhada pelos leitores.


Numa outra HQ Crianças, mas curtinha, o roteirista Sandro Leonardo e, parceria com Aristeu F. dos Santos, o fim da inocência. Na sequência, há uma entrevista com um outro fanzineiro, dos idos anos oitenta, de volta com sua edição Quadritos. O editor Marcos Freitas fala dos nostálgicos anos 80, o que motivou seu retorno e projetos futuros. 

Virando a página, somos impactados com os belíssimos desenhos de Laudo Ferreira Júnior para a HQ Três Apitos, um roteiro escrito pela Ana Recalde, que se inspirou numa música de título homônimo do Noel Rosa. Uma história encantadora que vai conquistar todos os leitores. 


Ainda com mais quadrinhos, surge Henry Jaepelt com sua misteriosa Ranço em belos traços que envolverá o mais incauto dos leitores.


Em Depoimento, Manoel Damas narra uma divertida história do alienígena confundido com um bandido e precisa esclarecer isso ao delegado antes que sua esposa fique possessa.


Em duas páginas, Denilson homenageia dois grandes nomes das agaquês no Brasil, Francisco Vilachã, falecido em 29 de outubro de 2020, e Otacílio de Assunção, o OTA, que nos deixou em 24 de setembro de 2021, que muito fizeram para as Histórias em Quadrinhos brasileira.

Encerrando a edição, tem a HQ Marcando gado com ferro em brasa, escrito pelo próprio Denílson, desenha pelo Maurício Lima e as letras de Anderson Andf. Num traço muito realista, Maurício consegue apresentar ao público leitor aquilo que muito bem descreveu na história o Denílson, trazendo numa roda de chimarrão, causos e fatos acontecimentos de um estranho homem que age nos pampas gaúcho como um misterioso justiceiro. Se houver sequência, dará muito gosto de acompanhar.


E a cereja do bolo fica por conta da seção de Cartas, onde o mestre dos quadrinhos Júlio Shimamoto comenta sobre a edição anterior do Tchê. Wallace Viana e Julie “ghostzinester” Albuquerque e Kris Zullo também são outros autores de quadrinhos, dos idos anos oitenta, que tem suas cartas publicadas e tecem seus comentários nessa seção. Sem dúvida alguma, a seção de cartas é o termômetro de uma publicação, cujo momento, o leitor e o editor estarão mais próximos e poderão trocar experiências, tecer críticas aprenderem conjuntamente.

A contracapa dessa edição e uma divertida homenagem do Bira Dantas ao patrono dos quadrinhos nacionais o luso-brasileiro Ângelo Agostini.

Parabéns, Denilson Rosa dos Reis por seu amor e dedicação às Histórias em Quadrinhos.
Para quem quiser conhecer basta escrever para:

Denílson Rosa 
Rua Gaspar Martins, 83
Alvorada, RS 
CEP: 94.820-380

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