(Desenhista Eusebio Muñoz e o roteirista José Valcir)
Todo instrumento para que possa emitir um som agradável é preciso que esteja bem afinado, a fim que a qualidade musical seja impecável. É nessa sintonia que está o trabalho entre os quadrinhistas, José Valcir e Eusebio Muñoz, roteirista e desenhista, respectivamente, em processo final de estudo criativo.
Por José Valcir
Editor e quadrinhista
Em nove de março de 2024, a dupla José Valcir e Eusebio Muñoz começaram a produzir uma história de FC e terror sobre um evento que mudará a face do mundo. Mas antes desse novo trabalho, em fevereiro de 2022, a PADA republicou a HQ Uma História sobre um futuro distópico de uma sociedade fria e distante do cidadão comum. Acesse Prismarte #68 - Um Mundo Perfeito para conhecer essa obra e adquiri-la no loja online PADA Stories (prismarte.com.br).
Em 2022, o Mundo foi tomado de supetão pela invasão russa à Ucrânia cuja guerra se arrasta até hoje. Assistimos a OTAN inerte e a UE paralisada diante da dependência do gás vindo do País Continente e uma guerra interminável, onde quem ganha é a imprensa midiática.
(Uma das páginas de roteiro da comentada HQ em produção)
Nesse processo criativo é bom acompanhar a evolução dos trabalhos, passo a passo, comparando a interpretação do que foi escrito para o que foi desenhado. E o quadrinhista Eusebio Muñoz está mandando bem nesse quesito. A seguir, sem dar muita claridade sobre o que trata a história, o leitor poderá ver os estudos desenvolvidos entre roteiro e desenho.
(Estudos iniciais da quadrinização da FC terror)
(A beleza da dinâmica da HQ em questão)
Pensar numa história, pesquisar o tema, desenvolver os personagens e saber o momento de utilizar cada um, e a construção do diálogo verossímil fazem a diferença numa HQ. O leitor tem que ser o alvo e não o umbigo de quem o faz. Há décadas os quadrinhistas brasileiros tentaram criar o mercado de quadrinhos brasileiros. A Edrel, Eureka, Grafipar, Vecchi, D-Arte, Sampa, e tantas outras editoras surgiram e sumiram. Rodval Matias, Mozart Couto, Júlio Shimamoto, Zenival, Julio Emílio Braz, Watson Portela, Mário Paciência, Libório, Eugenio Colonnese, Flávio Colin, por andam esses quadrinhistas? Todos nomes de peso que marcaram os quadrinhos em dado momento na história da história dos quadrinhos brasileiros.
Que buscaram uma identidade nacional, mesmo não intencionalmente, porém, acreditavam que era possível a criação de um mercado editorial nosso. No momento, a visão do quadrinhista atual é buscar o mercado exterior, nas editoras DC ou Marvel, desenhando os super seres. Não recrimino. Por que faria isso? Se o que o quadrinhista brasileiro gosta de fazer e não encontra oportunidade no Brasil, por que não tentar lá fora? Se eu fosse desenhista faria o mesmo.
Na falta de oportunidade aqui, e alimentando o sonho de fazer quadrinhos de personagens marombados, brasileiros especializam-se em criar super heróis nacionais. Na contramão dessa tendência, a Produtora Artística de Desenhistas Associados - P.A.D.A. - foco em quadrinhos autorais. Que fale em temas universais, mas que seja possível acontecer no quintal de casa. Que quando o leitor adquirir um dos nossos títulos, passar a ler nosso conteúdo, nossas HQs e nosso material jornalístico, desperte o interesse em acompanhar novos números, e acostume-se a identificar cada desenhista, sem ao menos ver o nome dele nos créditos, mas reconhecer sua assinatura na forma como desenha.
(A construção ímpar de um quadrinhista)
O quadrinhista, Eusebio Muñoz, mesmo com outros projetos em andamento, administra seu tempo entre eles a HQ que estamos fazendo em conjunto, a fim de oferecer ao leitor o melhor e mais honesto de nosso trabalho. Não somente ele, mas num pleno sábado, cansado, após enfrentar quatro horas numa sala de aula, atualizando-me em questões profissionais do trabalho, que me mantém financeiramente, poder sentar com alguém e ver a evolução do trabalho. O carinho ali, depositado, página a página. Ouvir, com atenção e sem ficar aborrecido as questões de correção de página, de quadrinho, ambientação e personagem, é fazer com que acredite mais no profissional que tenho ao meu lado.
Agradecer pela paciência e determinação em oferecer o melhor. Digo, a excelência como quadrinhista.
Eusebio Muñoz, obrigado.
Umas das condições que aumenta a chance de um trabalho artístico fazer sucesso é estar em consonância com o contexto atual, no entanto existem outras. Um bom roteiro, um bom desenho que conte a história de modo a preder a atenção do leitor, uma boa arte final, impressão divulgação etc. Esses são os desafios que todos os artistas tem de enfrentar na produção de suas obras. Mas, ao que parece, aqui no Brasil esses desafios apresentam uma maior dificuldade, tendo em vista fatores que não cabe discorrer aqui. Mas uma coisa é certa: podemos dar o nosso apoio, nesse caso, ao quadrinista nacional, além de torcer para que tenham sucesso em sua empreitada.
ResponderExcluirAndré GT - processos criativos são diferentes entre os mais diversos autores. Resta cada um se adaptar ao modo de operar um do outro. Não existe padrão a ser seguido, ao meu ver. Cada um atua como se sentir melhor no processo de criação. Assim é que funciona comigo... As idéias veem e fluem naturalmente. No meu caso, preciso da presença física do autor do texto para funcionar melhor, Rsrsrsrsr! Isso me estimula a produzir. Infelizmente, quando o autor do texto sou eu mesmo, fico um pouco travado, mas ainda assim, eu consigo "funcionar" um pouco. É assim, ninguém é perfeito. Felicidade a todos!
ResponderExcluirÉ importante o escritor e o desenhista trocarem ideais e ter um envolvimento na obra. Acreditar na obra. Esse envolvimento é o que fortalece a produção! O escrito fornecendo referencia(se a história tem algum lugar especifico na regional ou outro tipos de referências).
ResponderExcluirNo que diz respeito a temas ou gêneros de quadrinhos, não determina a identidade nacional. O que seria a identidade nacional? Essa definição não me parece ainda bem definida. Seriam historias feiras por brasileiros ou então no Brasil?